segunda-feira, 20 de agosto de 2012

em viagem #01


A paisagem não cabe numa imagem.
É o corpo, que a percorre e a percepciona num somatório de sensações, emoções e reflexões, que a torna parte de nós.
As paisagens constroem-nos e reflectem-nos como seres individuais e colectivos - tomámo-las no coração, preservámo-las, agimos sobre elas, construímo-las, destruímo-las. Nas paisagens vemos o reflexo do homem e nos homens vemos o reflexo da paisagem.

"Se abríssemos pessoas encontraríamos paisagens" diz Agnès Varda  num dos seus extraordinários filmes ("As praias"). Em mim serão múltiplas, um caleidoscópio onde habita a vibração azul das paisagens mediterrânicas ou a trémula sinfonia branca de uma floresta de bétulas ao vento ou a minha cidade no nevoeiro ou...
É na paisagem, na experiência da paisagem, que me perco e que me encontro, onde perco/encontro/reformulo o significado das coisas, dos outros, do mundo e sigo viagem.